O PAPEL É O MELHOR OUVINTE, PORQUE NÃO TE ESCUTA SÓ PRA ESPERAR A VEZ DE FALAR






quinta-feira, 6 de maio de 2010

500 Dias Com Ele


- por Camilla Lopes

O óbvio, apesar de e por sê-lo, tem de ser dito.

Estávamos nós dois ali, onde sempre costumávamos nos encontrar e do mesmo jeito que sempre costumávamos ficar: eu com a minha cabeça encostada em seu ombro, e ele me envolvendo em um abraço, com seu queixo apoiado por cima dos meus cabelos. Era um dia comum, comum até de mais, e isso de certa forma me incomodava. O seu cheiro passava pelo meu nariz e conseguia se espalhar pelo resto do meu corpo, me fazendo perder os sentidos: eu não ouvia, nem sentia e nem enxergava mais nada além dele, como se eu precisasse me concentrar pra não perder o controle de mim mesma. Me perguntava se ele também tinha toda essa atenção voltada pra mim, se eu era o seu único foco naquele lugar com tantas outras coisas pra distrair, mas logo me censurava. Eu me sentia uma idiota por ficar pensando que talvez ele não quisesse estar ali, que talvez eu estivesse vivendo aquele momento sozinha enquanto ele olhava a jogada errada de algum menino em uma partida de futebol. Mesmo assim era inevitável cogitar a hipótese. Não acontecia nada! Nenhuma palavra bonita ou um carinho no rosto pra me avisar o que estava passando naquela cabecinha. Será que ele era assim com todas as outras? Para. Não se deve comparar com as anteriores. Eu então resolvi agir. Me desaconcheguei dele e coloquei minhas duas mãos sob o seu rosto, apertando suas bochechas e fixando os meus olhos o máximo que eu podia nos dele, com a esperança de conseguir ler o que eles escondiam ou então fazer uma transmissão de pensamento (ter de pensar em palavras certas a dizer e correr o risco de sentir o meu rosto quente e avermelhado era a última opção). Mas não, nadinha. Eu tinha uma capacidade quase nula de penetrar naqueles olhos, e ele já estava começando a estranhar a minha reação.

- Que foi? – e aquele sorrisinho lindo dele surgiu. Onde tinha ido parar minha respiração?
- Nada... – eu disse, voltando a esconder meu rosto no seu peito.

Babaca, não dá pra ver? Eu quero saber o que você pensa, e acho que já é mais do que a hora de você me dizer. Então eu continuei lá, escondida, resmungando comigo mesma em silêncio. Ele colocou sua mão no meu queixo e levantou a minha cabeça. Acho que era a vez dele de fixar seus olhos em mim. Será que ele também queria me dizer alguma coisa? Ele me deu um beijinho no canto da boca e me abraçou.

- Eu gosto muito de você.

Eu não sabia exatamente o que aquilo queria dizer, mas pelo menos queria dizer algo. Talvez o problema fosse eu, porque o óbvio estava ali, eu só não conseguia enxergar. Eu peguei na mão dele e o puxei pra seguir caminho, seja lá pra onde este nos levasse.

4 comentários:

  1. Muito bom texto!
    Descreveu bem uma cena romântica, passou a intensidade da cena.
    Parabéns!

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  2. Gostei mtoo do q li!
    meus parabéns, viu?

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  3. bonito mesmo o texto. Em muitos momentos lembrei-me do Crepúsculo, não sei se pra você é um elogio Ca, mas eu adorei aquele livro! Parabéns!!!=]

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  4. haha eu vejo sim como um elogio, brigada :)
    lendo agora eu também achei que lembrou um pouco

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