O PAPEL É O MELHOR OUVINTE, PORQUE NÃO TE ESCUTA SÓ PRA ESPERAR A VEZ DE FALAR






sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Analisando Jimi Hendrix



- por Camilla Lopes

Na manhã de 18 de setembro de 1970, Jimi Hendrix é encontrado em coma por sua namorada Monika Dannemann num quarto de hotel em Londres, e pronunciado morto assim que chegou ao hospital. Segundo o médico que o examinou inicialmente, o músico tinha se asfixiado em seu próprio vômito, composto principalmente de vinho tinto. Além disso, Monika alegou que Hendrix havia tomado naquela noite nove comprimidos de um remédio que ela usava para dormir. Quarenta anos depois, fãs e não fãs ainda tentam entender a mente brilhante e por vezes conturbada do considerado maior guitarrista de todos os tempos.
James Marshall Hendrix nasceu em 27 de novembro de 1942, em Seattle, EUA. Aos 13 anos já tocava em bandas, e sempre foi considerado pelos seus parceiros o mais tímido e reservado do grupo. Teve o auge de sua carreira a partir de 1966, quando foi para a Inglaterra e montou a Jimi Hendrix Experience. Pela grandiosidade de seu sucesso, é comum pensar que a carreira do músico foi longa, mas, três anos depois, Jimi já entrava em uma época pouco produtiva.
Embora em cima do palco se mostrasse o astro de rock que nenhum pai quer para sua filha, por volta de 1969 Hendrix questionava se era levado a sério por outros músicos, e dizia que não queria mais ser palhaço. Ele não estava satisfeito com sua música e começou a ficar deprimido. Trocava de bandas frequentemente, se drogava, saia do palco no meio do show dizendo “não estamos acertando”.
Eric Burdon, um dos músicos da Band of Gypsies, última banda com a qual Jimi tocou, disse: “Hendrix estava em um poço tão profundo que o único jeito de sair era parar de tocar e tentar arrumar a bagunça. Mas ele sabia que, sem a música, ficaria destruído de qualquer forma. Percebeu que a única coisa que tinha a fazer era continuar tocando e mesmo assim morreu, porque estava sendo tolhido criativamente”. Era um beco sem saída.
Para alguns, Hendrix era apenas mais um astro talentoso e perturbado que entrou no mundo do “sex, drugs and rock n’ roll” e saiu dele com uma overdose de heroína e calmantes. A heroína, na verdade, não estava envolvida em sua morte, apesar deste ter sido o primeiro relato nos Estados Unidos. Para outros, foi um artista complexo e idolatrado, e morreu porque sua genialidade lhe fugiu do controle a ponto de precisar de medicamentos para dormir, ou então porque “decidiu ir embora quando que quis”, como disse Burdon.
Seja como for, uma verdade é universal: Jimi Hendrix está mais próximo de nossa realidade do que a distância entre leitor e revista, ou telespectador e televisão. Seus receios em relação à sua imagem, sua insatisfação muitas vezes consigo mesmo, sua timidez disfarçada e a sobrecarga de pensamentos são características com as quais a maioria de nós – se não todos nós – pode se identificar e, portanto, não pode julgar. Se Jimi Hendrix morreu pelo seu excesso de criatividade e brilhantismo, foi uma morte triste e talvez desnecessária, mas inegavelmente digna.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Luas Cheias

-por Otávio Silva


Atraem os males

E traem os mares

Vazias e cheias

Línguas crescentes

Doces minguantes

Nova idade!

Sorrisos amarelos

Cedo no horizonte

Azuis dos mares

Cinzas da lua

Persigo-vos com meus sóis:

Sóis minha, sóis teus,

Soeis minhas, sóis vossos.