O PAPEL É O MELHOR OUVINTE, PORQUE NÃO TE ESCUTA SÓ PRA ESPERAR A VEZ DE FALAR






sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Todo carnaval tem o seu fim

-por Otávio Silva


Toda rosa é rosa, porque assim ela é chamada, já dizia Shakespeare. Mas existem rosas amarelas, azuis, brancas, coloridas, vermelhas... Será que alguém já se perguntou o porquê do nome dela ser justamente rosa?!
O poder que as palavras tem é imenso e ninguém tem a verdadeira ideia disso. O alcance das palavras é grande, até mesmo em um folheto distribuído na rua, que dirá em veículos de mídia de grande circulação, como a TV, o rádio, o jornal, a revista?
A imprensa te passa uma imagem, que justamente por estar sendo veiculada, te passa confiança e credibilidade. Criam-se cenários, ventem-se da melhor maneira possível, gestos firmes são feitos: todas as maneiras de chamar a sua atenção para lhe passar uma palavra, pra te vender uma palavra. A palavra de Deus? A palavra do diabo?
É preciso ter cuidado, como todo comércio que visa o lucro, as empresas de mídia representam interesses, algumas vezes escusos, algumas vezes de uma minoria, mas não deixam de disseminar a palavra.
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado, e pinta o estandarte de azul, e põe suas estrelas no azul, pra quê mudar? Com um discurso vazio, mas enfático, baseado na propaganda, para justificar o rombo econômico pós 1ª Guerra Mundial, Hitler se consolidou no governo da Alemanha nazista e convenceu uma população inteira de que não era errado perseguir os judeus e matá-los em campos de concentração. (I can ride my bike with no handlebars... And i can end the planet in a holocaust)
Engraçado como o governo alemão conseguiu pintar uma águia negra e o símbolo da suástica no estandarte de um país, cuja maioria de seu povo tão notoriamente culto nem se questionou. Povo este educado, desde pequeno, a seguir as ordens superiores e a manter a disciplina. Lei é lei, ordem é ordem. A disciplina não é uma qualidade, mas um requisisto.
E o progresso? É evidente que não assim é o povo brasileiro. Lei, às vezes, não pega, não é mesmo?! Farol vermelho é piada e tudo se dá um jeitinho. Como, então, explicar a confiança cega de parcela da população em uma imprensa tão corrompida?
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia, toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado, de que o dia insiste em nascer. Consome o que lhe oferecem, compra o que lhe vendem, ouve o que lhe falam, você trabalha tanto que nem pensa mais direito. (Pense, fale, compre, beba/ leia, vote, não se esqueça/ use, seja, ouça, diga/ tenha, morre, gaste e viva)
O que é a bandeira do Brasil mesmo? O verde é da natureza, que a gente já devastou, o amarelo é o ouro, que já nos foi levado, e as estrelas no azul do nosso céu, deve ser o brilho que o brasileiro traz consigo. Ah, que diferença faz?
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz. Volta e meia surge o circo pra completar o pão já amassado que o nosso povo tem que comer. Futebol, carnaval, olimpíadas... O brasileiro é bom em festas. Pena quando resolve fazer circo com coisa séria, coloquem-nos o nariz de palhaço, logo! Maniqueísmo, barulho, fumaça, é isso o que mais vende na imprensa. Joguem pedras nos bandidos, salvem os heróis, não procurem entender a razão dos fatos e nem discutir o que está sendo proposto.
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco. Vivemos a novela da vida real! Caso Isabella Nardoni, invasões da polícia aos morros cariocas transmitidos ao vivo, invasão da reitoria da USP, é tudo parte do roteiro do filme Tropa de Elite 2: um escândalo segue o outro, o qual é explorado ao máximo pela mídia, que escolhe o lado bom, o lado mau (de acordo com seu rabo-preso e com o que pode dar maior margem de lucro), até que as autoridades façam o que a população, influenciada, espera que seja feito, para com isso angariar popularidade. A verdade, os motivos, cortar a raiz dos problemas, dialogar sobre o que se sugere... Ninguém quer; ninguém faz; ninguém compra!
Todo carnaval tem o seu fim. E, assim, estabelecem-se os mártires e os crucificados, até que o assunto se esgote, os telespectadores se cansem, se esqueçam, e aconteça o próximo.