O PAPEL É O MELHOR OUVINTE, PORQUE NÃO TE ESCUTA SÓ PRA ESPERAR A VEZ DE FALAR






sábado, 20 de março de 2010

Furto no Metrô

-por Otávio Silva

Por muito pouco, não fui testemunha de um furto hoje no metrô. O sinal já piara alto e as luzes vermelhas já estavam acesas, quando elas ultrapassaram a porta do vagão que fechava. Aquele trem estava relativamente vazio comparados ao mesmo bat-local e bat-horas diferentes, mas ainda assim, não haviam mais lugares para se sentar e as três ficaram de pé a uns dois metros de distância de onde eu estava.
O trio descrito acima tomava de assalto a atenção de todos do metrô. Mentira, nem todos as observavam, mas os meus olhares eram para elas e nada mais. Depois que elas entraram no vagão, eu nem tenho mais como descrever os outros passageiros, o movimento ao redor delas, nem os meus próprios.
Então, façamos o que eu tenho meios para fazê-lo: descrevê-las. As três pessoas a quem eu me refiro eram bem jovens, o uniforme da escola que elas vestiam não me deixaria mentir. Camisetas brancas apertadas e cada uma com um shortinho mais curto e mais colado que o outro. Os cabelos todos castanhos claros, combinavam com os olhos castanhos escuros e a pele viva e corada dos rostos emoldurados, dos braços finos e pernas à mostra. Conversavam sobre provas e trabalhos e fofocas... Eu acho, pra falar a verdade, nem prestava muita atenção.
Foi então que em duas estações seguintes, um número consideravelmente grande de pessoas desceu, talvez para fazerem baldeação. E o veículo ficou mais vazio e apesar daquela minha fascinação pelas meninas ter ficado mais chamativa e óbvia, eu o continuei fazendo.
Faltava pois, uma estação para a que eu desceria, mesmo assim, ao ver um assento vazio, sentei-me, e duas daquelas três garotas, sentaram-se nos assentos ao lado. Uma delas percebeu o zíper do compartimento mais externo de sua mochila aberto e sentiu. Pois bem, sentiu primeiramente a falta do celular, depois sentiu a falta da carteira e acho que sentiu desespero, talvez se sentisse tola, ingênua, não sei. Começou a chorar, confessava-se muito dispersa, dizia que seus pais ficariam bravos e chateados. As amigas a consolavam. Fiquei com dó. Ainda sobravam alguns tripulantes no vagão e eu fiquei indagando a mim mesmo quem poderia ter sido o ladrão, se ele ainda poderia estar por ali, como teria acontecido. Como teria acontecido sem eu ver? Eu nem percebi!
Quando parei de pensar, reparei que tinha perdido a minha estação, desci na imediatamente mais próxima para voltar, e comecei a não ter mais dó da menina. Afinal de contas, eu nunca fui assaltado, nem roubado, nem furtado. É só ter atenção, oras. Ah, quem mandou ser tão avoada?

3 comentários:

  1. eu , como sempre , nunca sei se alguns posts aqui aconteceram mesmo... em todo caso eu nao gostei do final. ¬¬
    eu fui assaltada em dezembro pela primeira vez, nao foi no metrô, foi em frente a estação, e eu 30 segundos de passar em frente um mercado lá , tinha olhado pros lados e pra trás... o cara surgiu DO NADA. devia tá no tal mercado.
    a questão é q a gente não sabe oq fazer pra impedir o mal entao a gente se protege e mesmo assim nao é suficiente ;/

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  2. Acho que algumas verdades doem mais aos leitores do que aos escritores. O mundo de hoje realmente é baseado em atenção 24horas e concordo sim com a falta de descuido das pessoas e, que me perdoem alguns, a ingenuidade de crer que são poucas as pessoas de má fé. É óbvio que há casos e casos. Mas o caso contado é típica destração. .... Texto muito bem redigido vermelhinho!

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  3. Não gostei. Mentira, adorei! Apesar de me identificar com a "avoada"...

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