O PAPEL É O MELHOR OUVINTE, PORQUE NÃO TE ESCUTA SÓ PRA ESPERAR A VEZ DE FALAR






quinta-feira, 8 de julho de 2010

Mesmo

-por Otávio Silva


 

Ela queria mudar o mundo

Ser alguém

Sair da mesmice,

Erradicar a fome

Acabar com as guerras e corrupção

Fora Sarney, Dunga, Galvão

Cara pintada, nariz de palhaça

Agora e sempre...


 

Nem sempre.

Em uma época, ela chorou, gritou, sorriu...

Esperneou, gemeu, perdeu o sono...

Por ele.

Ele que era um ninguém, mergulhado no sistema

E ainda vivia num esquema muito bom

Absorto na alienação:

Escola, cinema,

Clube, televisão.


 

E hoje ela deixou tudo de lado

Por eles.

Eles que eram tão iguais, mesmo que ninguém achasse

Mesma comida preferida, mesma cor do sorriso,

Mesmo sabor do beijo, mesma sobrancelha levantada

Mesmo amantes, mesmo!

Era.

Mônica tenta viver a vide deles

Ouve as músicas deles, curte os filhos deles

Assiste aos filmes deles, lê as cartas de adolescentes deles

Para que o "nós" deles possa viver para sempre

Mesmo...

Com a morte de Eduardo.

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