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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Análise (super) amadora de Na Natureza Selvagem



- por Camilla Lopes

[SPOILER]

Em uma conversa no melhor estilo boteco, estava comentando com um amigo sobre o filme Na Natureza Selvagem, e dentre os diálogos que rolavam à parte na minha cabeça, cheguei a uma conclusão meio estranha: o padrão da sociedade do século XXI é criticar o padrão da sociedade. Digo, já virou rotina ouvir alguém segurando nos canos do metrô e resmungando “Essa sociedade de hoje em dia... Essa democracia de hoje em dia...” ou então aqueles pseudo-revolucionários que leram alguns livros do Rousseau e se dizem anarquistas sem nem bem terem vivido esse tipo de coisa. Pode até ser um senhorzinho falando que o mundo não é mais como era antigamente (claro), ou ainda aqueles historiadores ou sociólogos (e derivados filósofos, antropólogos, psicólogos) que realmente estudaram o assunto e entendem um pouco mais, tendo um argumento talvez mais consolidado. Seja lá em qual desses grupos uma pessoa se encaixe, a moda agora é criticar a sociedade, e esse é o novo padrão. Vejo muito isso no filme, que por sinal foi baseado em fatos reais. O protagonista Christopher McCandless, interpretado por Emile Hirsch, apoiando-se em livros de autores como Rousseau e Thoreau, larga tudo e sai em direção ao nada para uma “purificação da sociedade”. A coragem dele, tal como seus ideais, me chamaram a atenção. Acredito que muitos já sentiram essa revolta contra algo no seu dia-a-dia e tiveram vontade de ir embora, viajar o mundo a fora ou coisa assim, mas poucos de fato o fazem. O decorrer do filme e as conclusões que ele chega sozinho são, a meu ponto de vista, sensacionais. A impressão que tive no final é a de que ele consegue se purificar, mas percebe que de nada adianta muito isso, pois “happiness only real when shared”. Ok, bela conclusão, mas algo me faz pensar que ele já tinha percebido isso antes, já tinha sentido falta de compartilhar seus momentos e ideias com alguém, e de ter uma família. Se via isso nos laços que ele fazia com as diferentes pessoas que encontrava durante a jornada, e a dificuldade com a qual ele as deixava. Como se ele soubesse no fundo que aquilo era importante pra ele, mas seguia viagem devido à enorme crítica ao mundo que colocou na cabeça. Devido ao novo padrão da sociedade de criticar o padrão da sociedade, talvez?

6 comentários:

  1. Quero então, encontrar-me dentro desse novo padrão: quero criticar o padrão! Admiro muito o que o protagonista da história e não só do filme fez, e também tenho vontade de fazer tudo isso. Acredito em um estado de espirito melhor e mais purificado através da desroupagem de muitas máscaras e estereótipos que nós vestimos sem pensar. E pra reforçar: muitos; sejam sabedores das ciências sociais ou apenas das intuições, sentimentos e emoções tem plena convicção para criticar, porque é fácil sentir que está errado e que desse jeito não dá pra ficar. E é por isso, então, critico seu texto - concordo com o fato de que já é padrão criticar, mas dicordo na critica que você faz a isso. Vejo isso como um ponto positivo pra essas pessoas! haha
    beijos!

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  2. pimenta vai ver o filme!!! hehehe!

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  3. eu concordo que criticar o padrão é um ponto positivo a partir do momento que as pessoas têm consciência. de nada adianta um cara ser um revolucionário rebelde porque acha bonito e não ter argumentos. isso existe sim e se chama ser ERÍSTICO (aulas de filosofia bombando. google it). não que eu ache que esse é o caso da personagem do filme, pelo contrário. sou total fã, tanto que tenho o dvd e vivo emprestando ele pra que as pessoas possam ver também. maaas foi o que eu achei como pretexro pra escrever sobre isso.
    UHUL

    pima seu babaca

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  4. Muito bom o post :) Me fez lembrar da minha aula de sociologia onde meu professor critica demais a sociedade, e raramente traz soluções para os assuntos debatidos! E acredito que talvez não tenha soluções mesmo.. Essa história de viajar, meter a cara no mundo é o sonho mais desejado (acredito eu), porque nos coloca de frente com várias sociedades, e aí com muito mais informação, conhecimento do mundo temos o quase "poder" de escrever e falar sobre o que são as pessoas e criticá-las, compará-las, porém tudo é muito complexo no meu ponto de vista. Em todos os anos, décadas e séculos a sociedade vai ser criticada. Criticar o padrão é só mais uma forma de fazer parte da sociedade. Mas é isso, preciso ver este filme! hahaha..

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