O PAPEL É O MELHOR OUVINTE, PORQUE NÃO TE ESCUTA SÓ PRA ESPERAR A VEZ DE FALAR






quinta-feira, 31 de março de 2011

Quebrando as Paredes

-por Daniel Bagagli

Nossa cabeça funciona como as quatro paredes de uma casa, possuindo também um par de janelas, que são nossos olhos. Como toda janela de casa, nossos olhos possibilitam a visão do exterior de nossas paredes, do mundo fora delas.
E o problema mora exatamente aí: a amplitude de visão das janelas de nossas casas é finita. Conseguimos enxergar apenas uma fração do mundo visível - 180 graus e alguma distância cujos valores exatos não importam, pois são apenas frações minúsculas de um todo.
As paredes exercem dupla função para esse problema: diminuem a amplitude de visão à metade, além de não permitirem movimentação. Ou seja: das janelas de nossas casas, sempre teremos a mesma paisagem.
E desse pequeno mundo que enxergamos, absorvemos informações - adquirimos conhecimento. Passamos a entender essa paisagem, formando, assim, opiniões. Essas, por estarem trancadas, chocam-se interminavelmente contra as quatro paredes de nossas cabeças.
E apesar de termos opiniões, elas são apenas sobre aquilo que vemos: o que nos torna completamente cegos para aquilo que não CONSEGUIMOS enxergar.
Sobre aquela nossa paisagem costumeira, temos os nossos ‘certos’ e ‘errados’. Mas que SÓ podem e SÓ devem ser aplicados àquela parcela do espaço. Em nosso mundo, conhecidos como ‘certos’ e ‘errados’. Em um outro (escondido atrás de nossas paredes e que não conseguimos enxergar), conhecidos como ‘errados’ e ‘certos’.
A existência de paredes em nosso mundo nos cega. Impede-nos de, a cada dia, reavaliarmos nossas opiniões. Mantêm-nos longe de uma convivência digna entre todos. Impede-nos de perceber que não existe UMA SÓ paisagem. Nem um só mundo.
Existem vários pequenos mundos, cada um digno de sua beleza, de seus ‘certos’ e ‘errados’, que formam, em uma amplitude de 360 graus e a distâncias infinitas, o nosso Mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário