O PAPEL É O MELHOR OUVINTE, PORQUE NÃO TE ESCUTA SÓ PRA ESPERAR A VEZ DE FALAR






domingo, 7 de novembro de 2010

Teste Vocacional do Brasil

-por Otávio Silva


 

    Vocação, vocativo, invocar, evocar... Quando dizemos que alguém tem vocação para realizar algo, queremos dizer que essa pessoa está respondendo a um chamamento. Chamamento talvez de Deus, da Vida, dos pais, de alguém. É uma inclinação, uma habilidade, um jeito especial para aquela coisa... É um dom! É um dom... Engraçado.

    Seus hábitos, suas perguntas, seus valores, suas respostas, sua personalidade, seu jeito... Tudo desmascarado, desmistificado. Tudo a sua disposição para você escolher o que quer fazer de sua vida. Tudo à disposição para escolherem o que querem fazer de sua vida. Tudo à disposição.

    Todos doutores: médicos, publicitários, arquitetos, advogados, designers, nutricionistas, dentistas, engenheiros. Todos sucedidos: jogadores, pilotos, atletas, artistas, astros... Astros! Não é nem um pouco fácil chegar a tudo isso, mas ainda assim todos tem alguma dessas respostas nesses testes.

     Noites sem dormir, livros devorados, medos transpassados, cálculos certos, cálculos errados. Turnos virados, chefes estressados, treinos esforçados, aulas mal assistidas. Cenas e jogadas ensaiadas, maquiagens borradas, pernas machucadas. Você quer passar por tudo isso? Não? Nem eu.

    Porque ninguém tem vocação para ser, assim, sei lá... Faxineiro? Por que não? Quem sabe?! Limpador de vidros em andaime! Que tal? Passador de roupa, servidor público, taxista, motorista de ônibus, pedreiro. Por que não? Quantos testes você conhece cujo resultado indicou o caminho de Deus? Ou ser professor do ensino público? Ou funcionário do sistema carcerário brasileiro?

    Parece-me que este negócio de vocação é uma pura justificativa moral ou talvez social para que as pessoas sigam um caminho profissional bem aceito, um caminho que, sobretudo, aumente, ou ao menos mantenha, o extrato hierárquico social que a pessoa ocupe. E o que acontece com as outras profissões é que, além de continuarem sendo sempre mau vistas, elas também são desvalorizadas por grande parte das próprias pessoas que as executam.

    É claro que existem pessoas com vocação ao trabalho voluntário, ou ao serviço social comunitário, mas quantas realmente sabem disso, ou quantas são impulsionadas para outros caminhos por pressão das pessoas ao redor? E quantas pessoas querem realmente ajudar o Estado? Ou apenas sugar dele o que dele conseguir? Férias remuneradas, décimo terceiro, irredutibilidade de vencimentos, inamovibilidade, aposentadoria integral...

    Cada um só quer se ajudar. E também ajudar os mais próximos. Ache a sua vocação, ajude-se, e tente estar em uma linha não muito distante do horizonte daqueles que conseguirem o sucesso na área onde decidirem seguir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário